domingo, 29 de agosto de 2010

Mateus 7:5

"Hipócrita, tira primeiro a trave do teu olho e, então, cuidarás em tirar o argueiro do olho do teu irmão." - Mateus 7:5 

Todo início de ano é sempre a mesma coisa: fazemos aquelas listinhas das ações que queremos realizar no ano que está começando. Podemos nem escrevê-las numa folha de papel, mas, pelo menos internamente, fazemos e reiteramos essa série de compromissos. Confesso que a última vez que escrevi uma lista dessas foi 2001 e nunca mais escrevi nada. Até agora. Estou revendo essa lista que guardei até hoje.
 

Em 2001 dividi a lista em duas colunas: coisas pelas quais eu queria apenas orar e esperar em Deus a resposta dEle e as coisas que eu efetivamente tinha que fazer, pois Ele não faria por mim. Das duas colunas consegui realizar muita coisa e não preciso fazer mais. Por exemplo, em 2001 me propus a apenas orar por um namoro sério diante de Deus. Depois de "indas e vindas" nessa área, sem nenhum tipo de oração, tinha me proposto a não fazer mais procurando a "escolhida" em eventos, acampamentos, congressos e igrejas as quais visitava. As respostas a essa oração só vieram em maio de 2004, quando conheci a que se tornaria, em janeiro de 2006, minha esposa. Isso estava no grupo das orações.
 

Na coluna das ações que deveria tomar, pois Deus não as tomaria por mim estava, por exemplo, o pagamento das minhas dívidas. Infelizmente vinha arrastando várias dívidas acumuladas em anos anteriores, de tal maneira que o meu nome estava "sujo" no mercado. Tomei vergonha, engoli o orgulho e fui procurar meus credores para quitar as minhas dívidas. Negociei com cada um deles e consegui "limpar" meu nome. Pois é, Deus não iria pagar as minhas contas, bastava eu colocar em prática uma boa administração financeira, abrir mão de restaurantes, CDs, livros e DVDs e para de ficar devendo aos outros.
 

Esses são apenas exemplos do que aconteceu em anos anteriores. Para 2008, ainda que com um pequeno atraso, decidi o que fazer. E o que decidi é que está relatado no duro sermão que Jesus deu aos seus ouvintes, particularmente os fariseus: vou tirar as traves dos meus olhos. Não sei se Jesus realmente falou a palavra "trave" no singular, mas bem que Ele poderia ter dito no plural. Pois, pelo que estou percebendo, meus olhos estão com algumas traves. Vou colocar algumas traves que tenho e espero, sinceramente, que possa ser útil para você que está lendo este artigo. Não sejas sábio a teus próprios olhos; teme ao SENHOR e aparta-te do mal. - Provérbios 3:7
 

Esse é um grande problema que muitos de nós temos. Lembro-me que em 1985 comecei a me interessar por estudar as então chamadas doutrinas da graça. Segundo os pesquisadores, essa nomenclatura remete às doutrinas da Reforma Protestante, particularmente as de Lutero e Calvino. Quando comecei a entendê-las, cheguei a menosprezar muitos irmãos e irmãs, gente querida minha, por não pensarem como eu. Mas o meu menosprezo chegava a ponto de considerá-los ignorantes, pois me julgava muita sábio naquelas questões. Quanto erro, quanto tempo desperdiçado, quanto esforço em vão, quantos desentendimentos que poderiam ter sido evitados! Tenho minas convicções e todas elas bem alicerçadas na Palavra de Deus, porém, hoje, consigo sentar para ouvir quem pensa diferente de mim. "Assim que não nos julguemos mais uns aos outros; antes, seja o vosso propósito não pôr tropeço ou escândalo ao irmão." - Romanos 14:13
 

A primeira vez que vi um cristão usando brinco fiquei chocado. Escandalizado mesmo! O contexto evangélico em que sempre vivi e fui criado era muito conservador e não admitia esse tipo de comportamento. Naquela época não tinha a cabeça que tenho hoje e me senti ofendido com aquela situação. Em 2000 conheci um rapaz de Deus, como costumamos dizer. Ele cantava num grupo muito famoso no meio evangélico e usava brinco. Um dia ele iria se apresentar numa igreja presbiteriana (que é mais conservadora que a igreja que eu freqüentava) e lhe perguntei sobre o brinco. Ele me respondeu que tiraria o brinco naquele dia em respeito ao pastor da igreja e às pessoas. Acredito que minha conduta deve ser essa mesma: se aquilo que faço não fere minha espiritualidade, não significa que não vai ferir a de outras pessoas. Portanto, se alguma prática minha vai escandalizar meu irmão, não devo fazê-la e não vou praticá-la na frente do meu irmão.
 

"Todo aquele, pois, que escuta estas minhas palavras e as pratica, assemelhá-lo-ei ao homem prudente, que edificou a sua casa sobre a rocha. E desceu a chuva, e correram rios, e assopraram ventos, e combateram aquela casa, e não caiu, porque estava edificada sobre a rocha." - Mateus 7:24 e 25
 

Jesus nos proíbe sermos juízes e emitirmos condenação para as pessoas. Nesse mesmo capítulo 7 de Mateus, Ele nos adverte que do mesmo jeito que julgarmos, seremos julgados. Mas esses dois versículos finais nos incentivam a refletir onde estamos construindo a nossa casa (logicamente que numa metáfora espiritual). Se eu tentar alicerçar minha vida espiritual em doutrinas sem profundidade, sem resistência. Se a palavra de alguém não tem solidez e eu me apoiar nela, minha casa (vida espiritual) vai ruir nas primeiras tempestades que eu passar. Portanto, nesse ano vou avaliar muito bem que eu escutarei e quem eu lerei, vou julgar todos os espíritos para ver se realmente eles provém de Deus. E, com a ajuda de Deus, reter só o que é bom.

   
colaborador :Anônimo 

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